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Depressão na Pandemia: Tudo Bem Não Estar Bem

A pandemia bagunçou a vida de todos e causou muitos danos à saúde mental em todo o mundo, e segundo estudos recentes, esses efeitos podem durar mais do que o previsto. A professora de epidemiologia Marilisa Barros relatou que a situação brasileira durante a pandemia passou a ser “mais cigarro e bebida alcoólica, mais comida ultraprocessada, mais tempo de televisão e de internet, menos exercício físico, menos horas de sono, menos alimentação saudável: este tem sido, em termos de comportamento, o resultado da pandemia para um número significativo de pessoas.” 

Em um estudo promovido pela University College London (UCL), cientistas concluíram que antes da pandemia, as pessoas que apresentavam depressão e ansiedade eram como um “grupo oculto” extremamente vulnerável às consequências da pandemia para a saúde em longo prazo. Esse estudo entrevistou 59.482 pessoas na Inglaterra e buscou analisar os efeitos provocados pela pandemia nas pessoas que apresentam níveis mais alto de depressão e ansiedade, o que tornava a saúde mental mais frágil.  

A perda do emprego como agravante 

O Dr. Michael Green, membro da universidade de Glasgow, disse que “durante a pandemia, muitas pessoas perderam seus empregos ou renda e enfrentaram problemas de saúde. Nosso estudo mostra que essa interrupção era particularmente provável de afetar pessoas com problemas mentais anteriores”. 

Ele ainda complementa que é preciso proporcionar formas de cuidado com a saúde, como em relação a ansiedade e a depressão na pandemia, e fornecer algum apoio para as pessoas que se encontram economicamente vulneráveis. Lembrando que os apoios financeiros durante a pandemia foram concedidos, mas também foram removidos conforme os cenários fossem normalizando com a redução dos casos. Segundo a pesquisa, cerca de 12% dos entrevistados demonstraram maiores chances de perder o emprego.  

A insegurança financeira decorrida da perda do emprego, unida a falta de perspectivas futuras e as limitações das relações sociais provocadas pela pandemia criaram um ambiente tenso no qual inúmeras pessoas ficaram mais suscetíveis ao agravamento de questões psicológicas, muitas acabaram desenvolvendo ansiedade ou depressão na pandemia.  

 

O atraso de procedimentos médicos 

Dentre as pessoas que participaram da pesquisa, 24% apresentaram maior probabilidade de atrasar um procedimento médico e 33% ainda estavam mais suscetíveis, em relação com aqueles que tinham um quadro depressivo ou ansioso médio, a interromper prescrições ou medicamentos logo nos primeiros oito ou dez meses da pandemia. 

O professor Nishi Chaturvedi, que co-liderou o estudo, apontou que a ansiedade e a depressão experimentadas na pandemia vão além dos problemas relacionados a saúde mental relatadas com mais frequência. 

 

Os jovens também sofreram 

Segundo matéria publicada pela Veja Saúde, uma recente revisão de pesquisas concluiu que dobrou os casos de jovens com ansiedade e depressão na pandemia. Essa análise, que agrupou dados de 80 879 jovens de até dezoito anos em diversos países, foi divulgada no periódico científico JAMA Pediatrics.  

Levantamentos apontam que sintomas depressivos no período pré-pandemia eram presentes em apenas 12,9% desse grupo. Já durante a pandemia, essa taxa subiu para 25,2%.  

 

O agravamento da depressão na pandemia 

De acordo com o Swiss Corona Stress Study, a proporção de quadros depressivos graves cresceu de 3% em fevereiro de 2020 para 18% em novembro do mesmo ano, em apenas nove meses o percentual de casos se tornou seis vezes maior. Ainda dentro desses dados, 10% das pessoas que apresentaram a depressão na pandemia em um estágio grave precisaram ser hospitalizadas. 

Segundo a pesquisa “ConVid Comportamentos”, realizada em parceria pela Fiocruz com UFMG, os dados no Brasil contam um cenário nada positivo: 34% dos fumantes relataram ter aumentado a quantidade de cigarros que consomem diariamente; 17,6% das pessoas contaram ter aumentado a quantidade de álcool consumida; os números em queda são das pessoas que praticam atividades físicas, de 30,4% apenas 12,6% mantiveram as práticas semanais. 

 

O que foi possível analisar? 

Os números citados anteriormente devem ser analisados mais a fundo, pois são resultantes de uma pesquisa online aberta, com foco nas pessoas com sintomas depressivos. Mas ainda assim, essa situação revela que embora seja errado considerar as medidas de prevenção contra a Covid, como o lockdown, as únicas causas da depressão, foram estas medidas que revelaram a “pandemia dentro da pandemia”, que embora significativamente menos visível, também era muito real. 

 

Procure ajude sempre que achar necessário 

Os últimos meses mostraram que todos nós podemos desenvolver problemas psicológicos com eventos estressantes, emocionalmente cansativos e por mudanças bruscas em nossa vida. Ninguém precisa ter vergonha por não saber lidar com todos os problemas no momento que aparecem e está tudo bem você falar que não está bem. 

Caso não se sinta à vontade para falar sobre algumas coisas com amigos ou familiares, você pode buscar um psicoterapeuta para te ouvir e ajudar a resolver problemas internos sem julgamentos. Convido você a ler um outro artigo, no qual eu explico mais sobre as vantagens das psicoterapias. 

 

Com ou sem pandemia, é importante estar alerta! 

Mesmo que a pandemia esteja em ritmo de diminuição, os casos de depressão não vão sumir da sociedade, então é importante entender o que é a depressão não apenas caso você sinta que possa estar desenvolvendo o quadro, mas também para ajudar pessoas próximas a superar essa fase. 

Leia também: Afinal o que é depressão? e Como ajudar alguém com depressão? 

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