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Depressão- diferentes tipos e sintomas

depressão, do ponto de vista psicopatológico, é chamada de síndrome depressiva e têm como elementos mais importantes o humor triste e, no campo da vontade, o desânimo. Durante um quadro depressivo, a tristeza e o desânimo são desproporcionalmente mais intensos e duradouros do que a tristeza comum. 

Além destes mais significativos, temos uma série de sintomas afetivos, instintivos, neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à autovalorização, à vontade e á psicomotricidade e nas formas mais graves, podemos encontrar sintomas psicóticos (delírios e alucinações) e uma alteração psicomotora relevante (lentificação). 

Com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em termos como “anos vividos com incapacidades” e “perda de anos em termos de morte prematura e perda de anos de vida produtiva”, ela é a doença que mais incapacita dentre todas as doenças (físicas e mentais). 

 

Casos no mundo 

Segundo a OMS, o número de pessoas que convivem com depressão vem crescendo, um aumento de aproximadamente 18% entre 2005 e 2015. Há uma estimativa de que hoje existam mais 300 milhões de pessoas, em todas as faixas etárias, acometidas pelo quadro depressivo. O órgão ainda alerta que a depressão é a principal causa de incapacidade laboral no mundo. 

Em um cenário global, estima-se que a prevalência pontual da depressão maior seja entre 4,4 – 4,7%, nos últimos 12 meses de 3 – 6,6% e na vida de até 16,2%. Cerca de 5% menos que países como Taiwan, China e Japão, e alta de mais de 15% em países como Estados Unidos, França e Holanda. 

No Brasil, um estudo conduzido na Unicamp estudou que 9,7% dos entrevistados apresentaram algum quadro depressivo (3,9% depressão maior), 21% humor depressivo e 34,9% humor depressivo por mais de 7 dias. Além disso 7,2% receberam o diagnóstico clínico em algum momento da vida. 

 

Classificações das divisões 

Muitas divisões já foram propostas e a tarefa permanece um desafio até os dias de hoje, mas seguindo o CID-11 e DSM-5 temos: 

  • Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente (CID-11 e DSM-5) 
  • Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico (CID-11 e DSM-5) 
  • Depressão atípica (DSM-5) 
  • Depressão tipo melancólica ou endógena (CID-11 e DSM-5) 
  • Depressão psicótica (CID-11 e DSM-5) 
  • Estupor depressivo ou depressão catatônica (DSM-5) 
  • Depressão ansiosa ou com sintomas ansiosos proeminentes (CID-11 e DSM-5) e transtorno misto de depressão e ansiedade (CID-11) 
  • Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual (CID-11 e DSM-5) 
  • Depressão mista (DSM-5) 
  • Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a condição médica (incluindo aqui o transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento) (CID-11 e DSM-5) 

 

Subtipos das síndromes e transtornos depressivos 

 

Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente: 

Devemos encontrar sintomas depressivos de forma evidente por pelo menos duas semanas e não mais que dois anos de forma ininterrupta. (cerca de 50% dos casos menos que três meses) 

 

Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico 

Neste tipo, enquadram-se as pessoas que possuem a forma crônica da depressão (pelo menos dois anos ininterruptos), podendo ser leve (distimia) ou moderada e grave. Normalmente, os casos começam na adolescência. 

Além do humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias o paciente deve ter ao menos dois dos seguintes sintomas:

  • diminuição da autoestima;
  • fatigabilidade aumentada;
  • insônia ou hipersonia;
  • apetite diminuído ou aumentado;
  • dificuldade em tomar decisões ou sentimentos de desesperança. 

Na distimia, é comum a presença do mau humor crônico e a irritabilidade. Nos adultos, os sintomas devem persistir por pelo menos dois anos e em crianças e adolescentes, um ano (o humor base nestes pode ser a irritabilidade ao invés do humor triste). 

 

Depressão atípica 

Os episódios depressivos podem ocorrer com intensidades variáveis de leve a grave, com humor unipolar ou bipolar. É importante observar a reatividade do humor aumentada (melhora rapidamente com eventos positivos e piora rapidamente com os negativos). 

Deve possuir dois ou mais dos seguintes sintomas: 

  • Ganho de peso ou aumento de apetite (especialmente doces);  
  • Aumento do sono (mais de 10 horas por dia);  
  • Sensação do corpo pesado (paralisia “de chumbo”);  
  • Sensibilidade exacerbada a rejeição interpessoal. 

 

Depressão tipo melancólica ou endógena

É marcada por elementos fundamentalmente interiores. Nesse quadro, a pessoa pode apresentar perda de prazer (anedonia) em todas ou quase todas as atividades ou falta de reatividade a estímulos geralmente prazerosos. 

Além de um destes sintomas, pode demonstrar pelo menos três dos seguintes casos:  

  • Humor depressivo característico com prostração profunda, desespero, hiporreatividade geral; 
  • Lentificação ou agitação psicomotora;  
  • Ideias ou sentimento de culpa excessivos e/ou inadequados; perda do apetite e/ou de peso corporal; 
  • Depressão pior pela manhã, que pode melhorar um pouco ao longo do dia. 
  • É comum a chamada “tristeza vital” (peso, agonia “sentida no corpo”) e a insônia terminal (acorda às 3 ou 4h e não consegue mais dormir). 

 

Depressão psicótica 

Quadro bastante grave no qual, além dos sintomas depressivos, temos sintomas psicóticos. Os sintomas psicóticos mais frequentes são delírio de ruína ou culpadelírio hipocondríaco ou de negação de órgãos ou alucinações depressivas com vozes que dizem “você não presta”, “você vai morrer na miséria” ou “seus filhos passarão fome”. Essas alucinações também podem apresentar vozes ou crenças que dizem que a punição foi merecida. 

Caso os sintomas psicóticos tenham conteúdo negativo, depressivo, são classificados como humor-congruentes (culpa, doença, morte), caso contrário, são humor-incongruentes (delírio de perseguição, de inserção de pensamentos etc.) 

 

Estupor depressivo ou depressão catatônica 

Quadro depressivo muito grave no qual a pessoa permanece dias na cama ou sentado em estado de catalepsia (imóvel; em geral rígido), com negativismo (ausência de respostas às solicitações dos demais), geralmente em estado de mutismo, recusando alimentação, às vezes urinando em si mesmo. O paciente pode falecer por desidratação ou complicações clínicas (pneumonia, insuficiência renal, desequilíbrios hidroeletrolíticos, sepse, entre outras. 

 

Depressão ansiosa ou com sintomas ansiosos proeminentes e transtorno misto de depressão e ansiedade 

Embora a ansiedade seja um componente frequente na depressão, o DSM-5 e o CID-11 propõem um subtipo específico para a depressão com marcante componente ansioso. 

O paciente costuma se queixar de angústia ou ansiedade acentuada associada aos sintomas depressivos (sente-se nervoso, tenso, não para quieto; tem insônia; frequentemente irritado, anda de um lado para o outro). Além de dificuldades de concentração pois fica preocupado com tudo. 

grande risco de suicídio nesse quadro da doença! 

A depressão ansiosa grave é de difícil diferenciação quando comparada com um episódio misto do transtorno bipolar. 

 

Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual 

Forma grave de depressão que se caracteriza por ocorrer na semana final antes da menstruação, na maioria dos ciclos menstruais. 

Deve possuir pelo menos um dos seguintes sintomas intensos de humor:  

  • Tristeza marcante;  
  • Nervosismo/ansiedade acentuada;  
  • Sentimentos de estar “no limite para explodir”;  
  • Oscilações do humor ao longo do dia ou labilidade afetiva;  
  • Irritabilidade ou raiva acentuada. 

 

Também se encontram presentes outros sintomas do ciclo menstrual, que somados resultarão em pelo menos cinco sintomas:  

  • Interesse diminuído;  
  • Dificuldade de concentração;  
  • Falta de energia ou fadiga fácil;  
  • Alteração do apetite;  
  • Hipersonia ou insônia; 
  • “Sentir-se sobrecarregado” ou “fora do controle”;
  • Sintomas físicos como inchaço e aumento da sensibilidade nas mamas;
  • Dor articular ou muscular e “sensação de inchaço” no corpo. 

 

Depressão mista 

Nome dado aos casos nos quais a síndrome depressiva acontece ao mesmo tempo que uma síndrome maníaca. Nele, durante a maioria dos dias da depressão, ocorrem também sintomas maníacos (devem ocorrer ao menos três deles) como:  

 

  • Humor elevado ou expansivo;  
  • Grandiosidade e autoestima elevada;  
  • Paciente se apresenta loquaz (falando muito e com pressão para falar);  
  • Aceleração do pensamento até fuga de ideias;
  • Aumento na energia do trabalho ou na vida sexual;
  • Envolvimento em atividade excitantes, mas perigosas;
  • Pode haver redução na necessidade do sono. 

 

Tais alterações devem ser percebidas por terceiros (não apenas pelo paciente) como uma mudança no modo de ser do paciente. 

 

Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a condição médica (incluindo aqui o transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento) 

Aqui enquadramos as depressões originadas primariamente por condições médicas no cérebro ou no corpo como um todo: Parkinson, Huntington, AVC, trauma ou tumor cerebral; doenças endocrinológicas (hipo ou hipertireoidismo, hipo ou hiperparatireoidismo, síndrome de Cushing, carência de vitamina B12), doenças autoimunes (como lúpus eritematoso sistêmico), sepse, câncer etc. 

Também enquadramos as depressões por uso de substância ou medicamento: álcool, cocaína, maconha, inalantes, opioides ou medicamentos hipnóticos e ansiolíticos (benzodiazepínicos), anti-hipertensivos e corticosteroides. 

 

Como ajudar alguém que sofre com depressão? 

Entender o problema e reconhecer sua existência, são o ponto de partida para quem quer ajudar alguém próximo, além de saber ignorar os clichês e mitos criados sobre. A primeira barreira que existe ao oferecer “ajuda” é que alguns sinais da doença são tão individuais que torna difícil ligar aquilo ao clichê da pessoa depressiva. 

Tenho um artigo inteiro explicando sobre como ajudar, confira! 

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