Mania e Hipomania: Transtornos Intensos

O que são a mania e a hipomania? 

A mania, ou o episódio maníaco, é caracterizada por um aumento no nível do humor, alternando para um estado de euforia que não se relaciona a um contexto particular de excitação psicológica e física. A mania é uma patologia que dura pelo menos uma semana e apresenta alteração significativa do funcionamento que pode levar à hospitalização ou ao aparecimento de sintomas psicóticos como alucinações, delírios ou paranoia. 

O estado hipomaníaco é uma forma mais branda desse estado maníaco, essa fase costuma ser seguida por outra, a depressiva. Quando isso acontece, falamos então de bipolaridade, ou seja, um transtorno maníaco-depressivo, com alternâncias entre hipomanias e depressões. A hipomania geralmente é crônica.  

As causas da mania e da hipomania 

Acredita-se que as causas são “multifatoriais”: são estudados os fatores genéticos, congênitos, educacionais e sociais. Alguns estados semelhantes de excitação podem ser causados ​​por drogas ou doenças, mas a mania e hipomania geralmente se desenvolvem como parte do transtorno bipolar.  

Leia mais sobre o transtorno bipolar clicando aqui. 

Os subtipos dos episódios maníacos 

Não existe apenas um tipo de transtorno maníaco, e conhecê-los é importante para buscar ajuda adequada: 

• Mania franca ou grave: trata-se da forma mais intensa de mania, com taquipsiquismo acentuado e prejuízo em todas as funções afetadas pela mania. Em idosos ou pessoas com lesões cerebrais, pode ocorrer grande confusão (chamado de mania confusa) 
• Mania irritada ou disfórica: é a mania com prevalência da irritabilidade, mau humor, hostilidade (pode ocorrer heteroagressividade e destruição de objetos) 

• Mania com sintomas psicóticos: mania com presença de delírio de grandeza ou poder (humor-congruente) ou perseguição (humor-incongruente). No Brasil é comum o caráter místico-religioso dos delírios, com presença frequente de alucinações de vários tipos. 
• Mania mista: desde o início do séc. XX, com a obra de Kraepelin, distinguimos casos em que os sintomas maníacos e depressivos acontecem juntos ou alternadamente no mesmo dia ou semana. 
• Hipomania: é uma forma leve de mania, o sujeito sente-se mais disposto, não precisa de tantas horas de sono, sente-se mais confiante, tudo isso sem que chame a atenção de seu entorno ou cause prejuízo para o indivíduo. O grande diferencial é que o sujeito não requer atenção médica. 
• Ciclotimia: leves sintomas maníacos (hipomania) se alternam com leves sintomas depressivos (distimia) durante ao menos dois anos. Provavelmente o sujeito seguirá desta forma durante toda a vida, aos olhos de todos permanece no nível da “normalidade”. 

Quais são os sintomas da mania e da hipomania? 

As pessoas que desenvolvem a mania, frequentemente apresentam: 

• Hiperatividade, ideias de grandeza; 
• Menos necessidade de dormir; 
• Logorreia (mais conhecida como “tagarelice”); 

• Irritabilidade e fala agressiva, constantemente fala agressivamente e não se dispõem a ouvir; 
• Distração; 
• Desinibição. 
• Autoestima elevada, demonstrando estar muito bem consigo mesmo, acreditando que está sempre certo e não admitindo ser corrigido ou pedir desculpas; 
• Alteração do sono, aparentando disposição para as atividades após poucas horas de descanso; 

• Impulsividade e impaciência; 
• Envolvimento excessivo em atividades arriscadas, como comprar muitos objetos ou doar todos seus pertences, realizar investimentos financeiros arriscados ou comportamento sexual desinibido, principalmente através de sexo sem proteção. 

A pessoa que apresenta um estado maníaco se torna de difícil manejo para quem estiver ao seu redor. Não é um estado de excitação que se encerra em algumas horas, pelo contrário, ela costuma durar no mínimo uma semana. 

A fase maníaca é comum em transtornos bipolares de tipo 1, leia sobre ele clicando aqui. 

O estado hipomaníaco apresenta os sintomas citados de uma forma mais atenuada do que o estado maníaco, com menos impacto na vida profissional e social. Se caracteriza principalmente por períodos de irritabilidade, hiperatividade e oscilações de humor, associados a distúrbios do sono.  

A fase hipomaníaca é visível nos transtornos bipolares de tipo 2, eu explico mais neste artigo. 

Diagnósticos 

Mania 

A maior dificuldade no diagnóstico ocorre em episódios em que há irritabilidade, idéias delirantes paranóides, agitação psicomotora e sintomas depressivos com labilidade afetiva. Quando sintomas depressivos estão presentes em grande quantidade, o quadro é denominado de episódio misto ou até mesmo de depressão agitada. Não há consenso sobre o número de sintomas necessários para esta diferenciação.  

Segundo o DSM-IV há a presença de humor persistente e anormalmente elevado, expansivo ou irritável durando pelo menos uma semana. 

Hipomania 

Devido à sua baixa intensidade e brevidade, as fases da hipomania costumam ser mais difíceis de identificar, levando a subdiagnósticos desses episódios. Os amigos e familiares que estão ao seu redor acreditam que a pessoa está em um período muito bom, em ótima forma, sem despertar tanta preocupação. Normalmente, é o início de um transtorno depressivo, após a fase hipomaníaca, que confirma o diagnóstico. 

Para o DSM-IV, a duração mínima de quatro dias é necessária para a confirmação do diagnóstico. Os sintomas são os mesmos da mania, e ainda exclui como hipomania os quadros que forem induzidos por antidepressivos.  

O diagnóstico tardio costuma ser feito no final da adolescência ou no início da idade adulta, o mais tardar por volta dos 20-25 anos. 

O tratamento para mania e da hipomania 

O tratamento é baseado em uma abordagem combinada de medicamentosa e psicoterapia, para que controle os sintomas enquanto os trata de forma mais intensa. O estado maníaco é como um estado “emergencial” e pode necessitar de internação hospitalar, já o estado hipomaníaco requer tratamento estabelecido por um especialista em saúde mental.