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Depressão Infantil- Não é Cedo Demais

Ao contrário da noção preconcebida de que a infância é livre de problemas psicológicos, as crianças também são suscetíveis à depressão, mesmo antes dos três anos de idade. A depressão em crianças é muito mais rara do que em adulto, estudos indicam que a depressão infantil não atinge mais de 2% das crianças, mas representa cerca de 20% dos casos de consultas de psiquiatria infantil. Para prevenir casos mais graves nessa fase da vida é importante entender como a doença atua na mente das crianças.

Segundo o Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (Inserm), “a prevalência de transtornos depressivos é estimada em 2,1 a 3,4% em crianças e 14% em adolescentes. Nos pacientes jovens, o diagnóstico é mais difícil do que em adultos pois as manifestações de depressão variam de acordo com o estágio de desenvolvimento, que modifica as capacidades de introspecção e comunicação”. Ao contrário do que se poderia pensar, a depressão infantil não é uma condição temporária, mas sim uma doença real cuja gravidade pode aumentar com o passar dos anos se não for tratada.

Visto que os pais raramente relacionam os problemas comportamentais à depressão, eles tendem a subestimar a condição, preferem tratar como um caráter nervoso, raivoso ou caprichoso. O espectro de manifestações é tão variado que passou a ser chamado de “depressão mascarada” ou “equivalente depressivo” para se referir aos sintomas que podem refletir depressão em crianças.

 

As manifestações da depressão infantil

 

Existem algumas tentativas de diagnosticar a depressão infantil, esses diagnósticos costumam ser descritivos e listam as possíveis manifestações desse transtorno. Os quadros depressivos infantis podem apresentar:

 

  • tristeza duradoura;
  • dificuldades acadêmicas;
  • isolamento;
  • ansiedade e fobias;
  • dor física;
  • inibição;
  • raiva e agressividade;
  • Sentimento de inadequação;
  • fobia escolar;
  • E até mesmo uma tentativa de suicídio.

 

Outras pesquisas acrescentam ainda distúrbios do sono, autodepreciação, alterações no apetite e no peso, entre outros. Embora as dificuldades escolares sejam um sintoma recorrente da depressão infantil, também podem resultar em superinvestimento na escola, a fim de esquecer o sofrimento. Ao mesmo tempo, uma criança “sábia demais” também pode esconder certo desconforto. Por fim, há casos em que a criança apresenta sinais de hiperatividade, irritabilidade ou associabilidade.

 

Manifestações verbais da depressão infantil

 

As palavras da criança também devem ser consideradas com cautela pelos pais, pois podem indicar um estado depressivo. Expressões como “Não me importo” ou “Não quero nada” podem, por exemplo, indicar uma perda de interesse e prazer. A perda da autoestima pode aparecer por trás de “Eu sou péssimo” ou “Não consigo”. “Eu sou mau” pode trair um sentimento de culpa. No entanto, para evitar interpretações errôneas, é essencial contextualizar essas frases e levar em consideração sua frequência.

Em outras palavras, e diante da multiplicidade de manifestações da depressão infantil, deve-se ter cautela na interpretação dos sinais isolados. O indício mais revelador de um problema sério nas crianças é uma mudança repentina e duradoura em seu comportamento, a tal ponto que os pais podem sentir que não a reconhecem mais.

 

Por que crianças caem em depressão

 

Uma criança pode apresentar estados depressivos relacionados ao seu desenvolvimento normal. Por exemplo, é possível que comece a encontrar comportamentos imaturos (quando já não aguenta mais a separação dos pais, em particular). Essas fases são transitórias e podem ocorrer até o início da puberdade.

Às vezes, o equilíbrio psicológico da criança é perturbado por eventos externos. A depressão infantil pode ser causada pela dificuldade de adaptação em relação a uma mudança, que é chamada de depressão reativa. Em muitos casos, as separações são a origem dos distúrbios reacionais na criança, por ela ser muito sensível a isso, seja a separação dos pais, uma morte, uma mudança de cidade, do ingresso à escola. Pesquisas mostram uma ligação significativa entre o número de eventos estressantes e o desenvolvimento de transtornos depressivos em crianças.

 

Fatores que apontam predisposição para depressão infantil

 

Fatores internos:

As crianças podem apresentar uma condição que as tornam mais vulnerável à depressão, como o retardo emocional, o aumento da sensibilidade à separação ou perda ou medo de abandono.

 

Fatores externos:

A ligação entre a depressão da mãe e a de seu filho tem sido frequentemente observada. Estuda-se que mães deprimidas geralmente são menos atentas e menos responsivas às necessidades de seus filhos. No entanto, existe uma ligação entre o comportamento depressivo da mãe e o desenvolvimento de transtornos de ansiedade ou depressão na criança.

Na verdade, seriam como maus exemplos em termos de regulação de humores negativos ou solução de problemas. Embora os estudos se concentrem principalmente na mãe, um pai deprimido também teria um impacto negativo na saúde mental da criança¹. Ao mesmo tempo, a paternidade solteira, as relações parentais conflitantes, as deficiências emocionais e, ainda mais, os maus-tratos perturbam o equilíbrio psicológico da criança. Por outro lado, um ambiente tranquilizador, coesão familiar e uma relação saudável entre pais e filhos são fatores que podem prevenir a depressão infantil.

 

Fontes: ¹Prevent, 1995 N. Fox, T. Frenkel, Temperament and Development of Anxiety and Depression in Young Children,

University of Maryland, 2013 Canadian Pediatric Society, Maternal Depression and Child Development,

Paediatr Child Health, 2004 J. Hudson, A relação pai-filho na infância e o desenvolvimento de ansiedade e depressão, Centro de Saúde Emocional, Departamento de Psicologia.

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